segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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Recuerdos argentinos


– 3 –
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Antes de escrever os "últimos recuerdos", algumas fotos para ajudar a "ver" melhor este país.

Buenos Aires. Muita arborização. Bonitos parque, nesta época, fim de inverno com muita árvore desfolhada


Un pequeno recuerdo: 7 kilos de queijos! Ótimos.

Já em Bariloche. O lago Nahuel Huapi e os Andes

O tango na rua


que a Joaninha aproveitou para treinar...

e os avós para ensaiar!

e a nossa Joaninha, bem melhor, cheia de frio, com a neve ao fundo!


Um aspeto doloroso no estudo da história de todas as Américas, é a parte dos índios. Nem um único dos colonizadores tem a consciência tranqüila, pressupondo que alguns tenham qualquer consciência. No Brasil clamam muito com a atitude dos portugueses, mas comparada aos espanhóis ou com os norte americanos na sua “caminhada para Oeste”, os portugueses foram quase iguais à Madre Tereza!
Além dos espanhóis terem cometido barbaridades incríveis, não foi só com os índios que o fizeram. Entre eles matavam-se entre si com uma displicência total. No Peru o conquistador Pizzarro decapitou o companheiro Almagro, o filho deste matou Pizarro, e até ao século XX os golpes militares, a inveja sócio-política, a ferocidade do sangue espanhol, matou com toda a tranqüilidade.
Na Argentina, os criollos, os descendentes de espanhóis, à medida que avançavam por territórios novos, “Terra de Índios” como ainda lhe chamavam quase no final de XIX, foram empurrando e matando os nativos, e a alguns, por prémio (!) davam-lhes um pouco de terra para que sobrevivessem. Um pouco da terra que sempre fora deles e agora era de uma nação usurpadora.
As leis, desde Fernando e Isabel foram explícitas: os índios são humanos – os doutores das leis e cientistas depois de estudarem os primeiros “exemplares exóticos” levados a Espanha por Colombo, concluiram que afinal não eram bestas, mas gente – e assim deveriam ser tratados, em pé de igualdade, com humanidade e o cuidado necessário por serem criaturas simples.
Mas sempre a lei foi uma coisa e a ganância dos homens outra. Os “cristãos” foram-se expandindo e para os milenares habitantes daquelas terras, para os poucos que sobraram, ficaram as terras inacessíveis, os refúgios, a pobreza, a vergonha, a cultura destruída.
À Tierra del Fuego chegaram os “enviados do governo de Buenos Aires” em finais do XIX, para fundar Ushuaia. Em meia dúzia de anos começaram a ocupar todas as terras, a enchê-las de criação de ovelhas, a vedá-las com arame farpado, ignorando os tradicionais criadores de guanacos. Em menos de 20 vinte anos a população dos Onas estava quase desaparecida! As matanças, a fome e as doenças dizimaram-nos.
E assim foi em todo o lado.
A Argentina é um país maravilhoso. Mas tem um tremendo débito social para com os seus primitivos habitantes, que, pelos vistos, jamais vai pagar e não parece preocupar-se com isso. É uma nódoa imensa e triste na vida duma nação, e que não desaparecerá nunca.
Esquecendo um pouco esta tristeza, e virando novamente turista, abram o link abaixo que, sempre com o tango, mostra o orgulho argentino: o eternamente adorado Carlos Gardel, o tradicional bairro Boca, o largo do Obelisco onde se fazem as manifestações de alegria, sobretudo do futebol que agora... (felizmente o tenista Del Potro veio dar algum ânimo ao desporto local), o famoso “Dulche de Leche”, uma especialidade, bem como os Alfajores, os bolinhos “nacionais”, o tradicional chimarron, mostra até o controvertido Perón, ditador violento, demagogo, que levantou o poder de compra da classe média mas desarticulou toda a infra estrutura de produção, inclusive a agrícola, explorando violentamente os produtores e arrecadando fortunas com o diferencial da exportação, a venerada Evita, que fanatizou o marido, permitindo-lhe fortalecer a ditadura, e até o Maradona no tempo em que era um grande craque.
Mas... não fala dos índios!


E pronto. Chegamos ao fim destes rápidos recuerdos! E nada melhor para fechar este último “capítulo” do que usar as palavras com que um historiador argentino, Felix Luna, termina seu livro, deixando-as com o autêntino sabor original:
“Créanme, tenemos um buen país. Lo único que nos falta,
a los argentinos de estos finales del siglo XX,
es merecerlo”!

(Não se passará o mesmo com os ... , e os ... e até os... ?)




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